segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Título mundial de Bruna Takahashi reforça filosofia de São Caetano, celeiro de campeões


A cidade de São Caetano do Sul, em São Paulo, se consolidou, nos últimos anos, como um dos grandes celeiros de talentos do tênis de mesa nacional. Com equipe qualificada, material de ponta e uma filosofia de trabalho pensada para motivar os atletas dos mais diferentes níveis, o trabalho reluziu em 2015, com o título mundial infantil de Bruna Takahashi.
“Um dos motivos do sucesso é o investimento na comissão técnica composta por mim, Nelson Kuzuoka, Hideo Yamamoto e Lincon Yasuda, todos trabalhando com o objetivo de alcançar o alto nível internacional. Usamos a estratégia de colocar no mesmo local e horário atletas adultos de alto nível com jogadores jovens, com o objetivo de que os adultos sirvam de espelho para os mais novos”, destacou Francisco Arado, mais conhecido como Paco.
Atualmente, são muitos os nomes da seleção brasileira, em várias categorias, que passaram pelo centro de treinamento paulista: Hugo Calderano, Gustavo Tsuboi, Cazuo Matsumoto, Caroline Kumahara, Leticia Nakada e Bruna Takahashi são alguns deles.
“Por causa dessa filosofia, São Caetano do Sul ganhou por seis anos consecutivos o Troféu Eficiência do Campeonato Brasileiro, sendo o melhor clube do Brasil. A CBTM entra investindo nos melhores jogadores e também na evolução do técnico, pois somos nós que vamos trabalhar no dia a dia para o desenvolvimento e evolução deles”, apontou Hideo, ex-jogador e atual técnico.  
Mas até atingir a elite do país dentre clubes, já se passaram 11 anos de muito trabalho. Nelson Kuzuoka, um dos membros da comissão técnica, lembra do início e fala com orgulho do atual panorama.
“Tudo começou em 2004. Éramos eu, Paco e Hideo, com a ideia de fazer um tênis de mesa visando o alto rendimento. Hoje temos um grupo que treina três horas de manhã, faz academia, se junta a outro grupo que treina mais três horas no período da tarde e alguns ainda treinam de noite em outros lugares. É um total de 30 atletas”, enumerou.
Kazu, como é conhecido Nelson no meio, foi quem esteve presente em um dos maiores feitos do tênis de mesa brasileiro e de São Caetano: o título do Desafio Mundial de Cadetes, conquistado por Bruna Takahashi no início de dezembro.
“Estar com a Bruna no Mundial foi um privilégio. Sabíamos da importância desse título, mas pensamos nisso só depois que acabou a final. Antes pensamos somente jogo a jogo, adversária por adversária, até chegar ao título inédito. Pra mim e com certeza para toda a equipe técnica foi um sonho realizado”, declarou, antes de dar uma exemplo do tamanho da emoção.
“Lembro que, logo depois da final, eu estava com a adrenalina em alta e tremia durante horas. Pra falar a verdade, naquela noite eu nem consegui dormir”, completou.
E corroborando o ponto forte da equipe, o treinador fez questão de ressaltar tudo que foi feito por cada um dos envolvidos, dividindo todos os louros da medalha de ouro. Na ocasião, Takahashi ainda levou o título por equipes com a América Latina.

“Para chegar a esse título existe toda uma equipe técnica por trás. Nós técnicos, que sempre mantínhamos contato, falando e analisando as adversárias da Bruna, o preparador físico Irio Pompermayer, que enviava os treinos pra ela fazer na China, o Renato Lee, fisioterapeuta, até a Mônica Dotti, sua primeira técnica e quem a descobriu. Por fim, a família da Bruna, que sempre apoiou e esteve ao lado dela”, agradeceu Kazu.
A estrutura local, obtida em grande parte por intermédio de projeto da CBTM encaminhado ao Ministério do Esporte, também é um fator fundamental, pois possibilita trabalhos específicos e os treinamentos em horário paralelo, enquanto a filosofia teve o auxílio de luxo do técnico francês Jean-René Mounie, que comanda a seleção. Lincon Yasuda, que também atua como coordenador técnico da seleção, é outro a apontar o conjunto como grande segredo do São Caetano/SEEST/Xiom.
“Os quatro técnicos estão com conhecimento, fazendo viagens para o exterior, em campeonatos e treinamentos. Isso é uma evolução em conjunto, principalmente nos últimos anos, quando começamos a trabalhar com o Jean-René. Somado a isso nós temos um espaço privilegiado para os padrões do Brasil, com material de qualidade, padrão internacional. Então é um conjunto de fatores”, apontou Yasuda.
A participação da CBTM não se restringe aos materiais – há um aporte financeiro que permite que atletas estejam constantemente em contato com outros mesatenistas de alto ​nível, de diferentes estilos.
“Nosso trabalho duro diário aliado aos altos investimentos que a CBTM tem feito com os atletas de seleção, permitindo que participem de treinamentos e torneios internacionais, tem dado ótimos resultados. Não posso deixar de reconhecer e agradecer a ajuda e o trabalho do Mounie, pois ele é o ​responsável pela mudança da nossa mentalidade e dos jogadores, colocando o tênis de mesa brasileiro na cultura do alto nível”, decretou Paco.
Os resultados são incontestáveis: em 2014, a medalha de bronze de Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim. Este ano, o título Mundial infantil de Bruna Takahashi. Engana-se, porém, quem pensa que a comissão técnica está satisfeita – pelo contrário, o objetivo é sempre se superar.
“Fico muito feliz em poder fazer parte dessa equipe e ver que desde 2004, estamos colhendo os frutos do nosso trabalho. Mas com certeza não iremos parar por aqui, queremos mais e para isso iremos continuar forte com o nosso trabalho”, finalizou Kazu.

Assista aqui o video da Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) com os melhores momentos de 2015, no qual mostra nossa campeã e o técnico Kazu Kusuoka na final do Mundial de Cadetes no Egito.